sexta-feira, 3 de outubro de 2008

HAITI - Responsabilidade do exército brasileiro

O Haiti, que se tornou independente através de uma revolta de escravos de origem africana, é um país dividido política e socialmente. A massa da população, negra, viveu quase ininterruptamente numa miséria extrema e sujeita à constante repressão. O país já viveu diversas ondas de violência e intervenções norte-americanas.

Foram os EUA que apoiaram a instalação de Duvalier no poder em 1957, uma ditadura familiar que durou até 1987, quando foi derrubada por uma revolta popular.

Mas a infeliz massa haitiana não consegue criar estruturas políticas viáveis, devido à fragmentação e insuficiente desenvolvimento da sociedade, e, em seguida, a minoria volta a ocupar o poder, usando o exército e suas milícias para manter o terror sobre a população. Contudo, no contexto da onda democrática que acompanhou o fim da Guerra Fria, houve eleições livres no país em dezembro de 1990, com a esmagadora vitória de Jean Bretrand Aristide, um padre ligado à Teologia da Libertação. Teve início um governo reformista que, todavia, permaneceu no poder apenas de fevereiro a setembro de 1991, sendo derrubado pelo General Raoul Cedras.

O presidente seguiu para o exílio, enquanto a comunidade internacional decretou um embargo contra os novos donos do poder, que só fez aumentar a miséria, pois o regime sobreviveu estabelecendo uma aliança com o narcotráfico internacional, permitindo a utilização do seu território como rota para os EUA. Milhares de refugiados fugiam em pequenas embarcações para a Flórida, gerando uma crise que levou Clinton a agir.

Depois de infindáveis gestões, apenas em outubro de 1994 uma força internacional, liderada por Washington, forçou os golpistas a entregar o poder e partir para o exílio. Aristide, que fora eleito para um mandato de cinco anos foi, contudo, pressionado pela Casa Branca a apenas completar o mandato vigente. Ou seja, governou apenas dois anos, e sem direito à reeleição.

Os EUA desejam evitar um confronto de proporções, mas, discretamente, encaram a saída antecipada de Aristide, da mesma forma como em relação à Venezuela. A crise deverá ter um desfecho nas próximas semanas. Vale lembrar que o Haiti tem fronteira com a República Dominicana, está há poucos quilômetros de Cuba e não distante da Flórida, desfrutando de uma posição estratégica e podendo gerar instabilidade se a comunidade internacional continuar indiferente.

O Haiti de 1986 a 1990 foi governado por uma série de governos provisórios. Em 1987, uma nova constituição foi feita. Em dezembro de 1990, Jean-Bertrand Aristide foi eleito com 67% dos votos. Porém poucos meses depois, Aristide foi deposto por um novo golpe militar e a ditadura foi restaurada no Haiti.

Em 1994, Aristide retornou ao poder, com auxílio do Estados Unidos. Mesmo assim, o ciclo de violência, corrupção e miséria não foi rompido. Em dezembro de 2003, sob pressão crescente da ala rebelde, Aristide prometeu eleições novas dentro de seis meses. Os protestos contra Aristide, em janeiro de 2004, fizeram várias mortes na capital do Haiti, Porto Príncipe. Em fevereiro, com o avanço dos rebeldes, o ex-presidente foge para a África e o Haiti sofre intervenção internacional pela ONU.

REFLEXÂO: Com o reconhecimento da ação militar brasileira em suas operações, a ONU conferiu ao Brasil o comando da missão de paz no Haiti, que também contou com a participação de soldados argentinos, chilenos, uruguaios, paraguaios e canadenses. Iniciada em 2004, essa missão de paz teve o objetivo de reestabelecer a paz, garantir a ordem, e evitar a eclosão de um violento conflito civil, após a crise política que levou à deposição do governo local.

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